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JANEIRO ROXO - PREVENÇÃO À HANSENÍASE

A hanseníase detém o título de uma das doenças mais antigas da história da humanidade. Antigamente, por falta de conhecimentos específicos, a hanseníase carregava um grande preconceito, associando os portadores ao pecado, à impureza e a desonra. O tratamento dos pacientes consistia em excluí-los da sociedade.

Causas da hanseníase
A hanseníase é uma doença causada pela bactéria Mycobacterium leprae, ou bacilo de Hansen, um parasita que atinge especialmente as células da pele e células nervosas. A bactéria penetra o organismo por meio das vias respiratórias ou secreções como a saliva, sendo transmitido da mesma forma, até se instalar nos nervos periféricos e na pele. O tempo de incubação é lento, levando da contaminação até o surgimento dos sintomas, em média, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.
A contaminação pode ocorrer a partir da exposição das condições higiênicas inadequadas ou do contato íntimo com o portador sem tratamento.

Como ocorre a transmissão da hanseníase?
A transmissão da doença ocorre a partir do contato com o paciente infectado que não está em tratamento. As bactérias são eliminadas e transmitidas através do aparelho respiratório em meio de secreções nasais, gotículas de saliva, tosse e espirro. Entretanto, a hanseníase não é transmitida com tanta facilidade como resfriados, pois depende do contato íntimo e prolongado, como familiares e amigos que dividem a mesma casa.
Acredita-se, também, que possa haver transmissão através das feridas na pele. Porém, deve-se lembrar que se o portador de hanseníase estiver realizando o tratamento quimioterápico NÃO HÁ RISCO DE TRANSMISSÃO.
A manifestação da doença na pessoa infectada dependerá do sistema imunológico do indivíduo, que pode ser exposto ao bacilo e ser capaz de dizimá-lo antes que cause a hanseníase.
 
Quais são os sintomas da hanseníase?
A hanseníase se manifesta através de sinais e sintomas dermatológicos e neurológicos. As alterações neurológicas, quando não diagnosticadas e tratadas adequadamente, podem causar incapacidades físicas e deformidades.
A doença atinge a pele e os nervos periféricos, porém, ela também pode acometer outras regiões, como os olhos (o que pode causar cegueira), cílios e sobrancelhas, os tecidos do interior do nariz, planta dos pés e, eventualmente, alguns órgãos. Com o período de incubação longo, o indivíduo pode se contaminar com a bactéria e somente manifestar anos depois.

Sintomas dermatológicos

O distúrbio se caracteriza pelo aparecimento de manchas arredondadas de cor parda, branca ou avermelhada, às vezes pouco visíveis, que se espalham pelo corpo. As lesões costumam apresentar alteração na sensibilidade, fazendo com que o indivíduo deixe de sentir diferenças de temperatura, pressão e dor no local da lesão. Essa característica que difere a hanseníase da maioria das doenças na pele.
As lesões mais comuns são:
• Manchas pigmentares ou discrômicas: resultam da alteração — ausência, diminuição ou aumento — de melanina ou depósito de outros pigmentos e substâncias na pele. As manchas são de coloração branca.
• Placa: se estende no corpo por vários centímetros, seja individual ou em um aglomerado de outras lesões.
• Infiltração: aumento da espessura e consistência da pele, limites imprecisos, às vezes acompanhado de rubor.
• Tubérculo: denominação pouco usada, tubérculo se refere ao nódulo que evolui deixando uma cicatriz.
• Nódulo: lesão sólida, limitada, elevada ou não, de 1 a 3 cm de tamanho, em maioria mais palpável do que visível. Pode se localizar nas camadas da epiderme, derme e/ou hipoderme.
A sensibilidade comprometida das lesões pode ocorrer da seguinte forma:
• Hipoestesia: sensibilidade reduzida.
• Anestesia: sensibilidade ausente.
• Hiperestesia: aumento da sensibilidade.
 
Sintomas neurológicos
Além das lesões na pele, a hanseníase se manifesta através de lesões nos nervos periféricos. Essas lesões são decorrentes de um processo inflamatório chamado neurite, causado tanto pela ação da bactéria quanto pela reação imunológica do organismo para expulsão do bacilo. Em alguns casos, pode ser causada por ambos.

As lesões se manifestam pelos seguintes sintomas:
• Dor e espessamento dos nervos são os primeiros sinais de inflamação;
• Perda da sensibilidade nos membros inervados afetados, como olhos, mãos e pés;
• Comprometimento dos nervos periféricos, caracterizado pela perda da força em determinados músculos inervados, principalmente nas pálpebras e nos membros superiores e inferiores, como braços e pernas.
A neurite é um processo agudo que acompanha dor intensa e edema, inchaço causado pela retenção de líquidos. O comprometimento do nervo é evidenciado quando a condição passa a se tornar crônica, ocasionando:
• Sensação de dormência, causada pela inflamação dos nervos;
• Alterações na secreção de suor, causando a perda da capacidade de suor, consequentemente, ressecamento da pele.
• Redução da força muscular, caracterizada pela dificuldade para segurar objetos. Isso causa paralisia nas áreas afetadas pelos nervos comprometidos, como braços ou pernas;
• O acometimento neural não tratado pode provocar incapacidades e/ou deformidades pela alteração de sensibilidade nas áreas atingidas. A alteração na musculatura esquelética ocorre principalmente nas mãos.
 
Como é feito o diagnóstico da hanseníase?
O médico capacitado deve ser consultado para realizar o diagnóstico eficiente a partir da observação das manchas, análise dos sintomas do paciente e realização de testes específicos. Os exames requisitados podem ser em consultório, para testar a sensibilidade das lesões, ou laboratoriais.
 
Exames de sensibilidade
• Temperatura: o exame consiste em testar a sensibilidade de temperatura mergulhando a região atingida em dois tubos, um com água fria e outro com água quente.
• Dor: para testar a sensibilidade com a dor é pressionado a ponta de uma caneta esferográfica na região atingida pela doença.
• Tato: consiste no uso de uma fina mecha de algodão para testar a sensibilidade tátil.
 
Exame laboratorial
O Médico pode requisitar uma pequena raspagem nas feridas e enviar para análise em laboratórios para confirmar a presença do bacilo de Hansen. A ausência da bactéria descarta a forma multibacilar, mas não a forma paucibacilar.
 
Hanseníase tem cura? Qual o tratamento?
A hanseníase tem cura, porém depende da persistência do paciente ao realizar o tratamento corretamente. O procedimento é feito através da Poliquimioterapia (PQT), que se trata do uso de antibióticos de via oral que interrompem a evolução da doença até a eliminação completa da bactéria. A PQT previne as incapacidades e deformidades causadas pela hanseníase e rompe a cadeia epidemiológica do bacilo. Assim, após iniciar o uso dos medicamentos, a doença deixa de ser transmissível em cerca de 4 dias.
O tratamento é gratuito, fornecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e administrado em doses vigiadas nas Unidades Básicas de Saúde, sempre sob a supervisão de médicos ou enfermeiros. Pode durar entre seis meses na forma paucibacilar, e um ano ou mais na forma multibacilar.
Por causa da falta de informações, os portadores da hanseníase ainda sofrem com o preconceito e, muitas vezes, acabam deixando de buscar o tratamento necessário. Compartilhe esse artigo para auxiliar a combater o estigma por trás da hanseníase, que, sim, apresenta cura!
 
 
Se você tem ou conhece alguém que possui sintomas parecidos com o da hanseníase, consulte seu médico o mais rápido possível.